terça-feira, 11 de agosto de 2015
Análise de mais de 220 000 galáxias distantes mostra que o espaço perdeu metade de seu brilho nos últimos 2 bilhões de anos
12:26
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O Universo está morrendo lentamente. Mas o declínio é mais
veloz do que o esperado pelos astrônomos, de acordo com uma ampla análise feita
por uma equipe internacional de cientistas de mais de 30 universidades
europeias, australianas e americanas. Divulgado na segunda-feira (10), o estudo
traz as medições mais precisas de energia já realizadas até hoje em uma grande
zona do espaço, com mais de 220 000 galáxias distantes. As conclusões revelam
que, atualmente, elas produzem metade da energia que geravam há 2 bilhões de
anos. Em termos cósmicos, isso significa um rápido "apagar das luzes"
e as poucas estrelas que nascem não parecem ser capazes de substituir as
antigas - o cosmo, assim, deixaria de brilhar aos poucos.
"O Universo se estirou no sofá, se cobriu com uma manta
e se prepara para um sono eterno", afirma o astrônomo Simon Driver, membro
do Centro Internacional de Pesquisas Radioastronômicas (ICRAR) da Austrália e
um dos responsáveis pelo estudo.
Os cientistas sabiam que, após a intensa formação de
estrelas do Universo, que surgiu há cerca de 13,8 bilhões de anos a partir do
Big Bang, ele iria "envelhecer" e "morrer" gradualmente. No
entanto, nenhuma pesquisa tinha ainda investigado com tantos detalhes a
quantidade de luz emitida pelas galáxias e, com isso, avaliado a produção total
de estrelas, um parâmetro que revela o grau de atividade do cosmos.
"O resultado mais surpreendente da nova análise é que
muitas estrelas se apagaram nos últimos 2 bilhões de anos. É como se tivéssemos
chegado à velhice mais rápido que o esperado", explica o astrônomo Amâncio
Friaça, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
da Universidade de São Paulo (USP).
Evolução do cosmo - A pesquisa é parte do projeto Gama
(Galaxy and Mass Assembly), uma cooperação internacional que usa os sete dos
telescópios mais potentes do mundo, como os do Observatório Europeu do Sul
(ESO), no Chile, e os telescópios espaciais Galex e Wise, da Nasa, para estudar
a formação e evolução das galáxias. As observações foram feitas durante oito
anos e os instrumentos mediram diversas faixas do espectro eletromagnético (do
infravermelho ao ultravioleta, além da luz visível).
Estrelas como o nosso Sol, formado há cerca de 4,5 bilhões
de anos e, portanto, recentes, ainda levarão muitos bilhões de anos para chegar
a esse "envelhecimento". De acordo com os especialistas, o estudo
ajuda a compreender melhor as origens e períodos de existência das galáxias e
do cosmo.
"Essa é uma análise que refinou muitas pesquisas
anteriores. O próximo passo é compreender quais os fatores que estão
influenciando nesse fenômeno. Será que a energia escura, uma força que preenche
quase 70% do Universo tem algum papel nisso? Quem sabe os próximos experimentos
poderão nos ajudar a responder essas questões e iluminar como será nosso
futuro", diz Friaça.
fonte: veja.abril.com.br
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
Pela primeira vez, astronautas comem alface cultivada no espaço
“Tem gosto de rúcula”, disse o astronauta Scott Kelly, que
provou o vegetal na Estação Espacial Internacional (ISS). O alimento pode
ajudar em futuras missões tripuladas para Marte.
Astronautas fizeram nesta segunda-feira (10) a primeira
"degustação" de alimentos cultivados no espaço. De acordo com o
americano Scott Kelly, o cardápio do almoço na Estação Espacial Internacional
(ISS), composto apenas de alface romana, "é bom. Tem gosto de
rúcula." O evento foi transmitido pela televisão da Nasa, por volta das
13h45 (horário de Brasília), que interrompeu sua cobertura de uma caminhada
espacial russa para mostrar o episódio histórico.
O vegetal, cultivado por 33 dias na ISS, é parte de uma
experiência da Nasa que vai ajudar missões tripuladas para outros planetas.
"Se quisermos ir a Marte algum dia, precisaremos de uma nave que seja
sustentável. A habilidade de cultivar o próprio alimento no espaço é um grande
passo nessa direção", disse Kelly, após provar as folhas junto com outros
dois astronautas.
"Há evidências de que os alimentos frescos, como
tomates, mirtilos e alface vermelha são uma boa fonte de antioxidantes",
indicou Ray Wheeler, cientista da Nasa no Centro Espacial Kennedy da Flórida.
"Ter alimentos frescos como este disponível no espaço pode ter um impacto
positivo no humor das pessoas e também pode fornecer proteção contra a radiação
no espaço", acrescentou.
Alface espacial - O experimento, chamado Veg-01 (ou Veggie,
apelido dado pelos astronautas), começou há três anos e pretende estudar o
crescimento e a absorção de alimentos em ambiente de microgravidade, como a
ISS. No ano passado, alguns pés de alface haviam sido cultivados no espaço, mas
voltaram para a Terra para que fossem realizados testes de segurança.
A alface ingerida pelos astrônomos foi cultivada em uma
caixa especial de crescimento e foi levada para o espaço a bordo da nave SpaceX
Dragon. As sementes, armazenadas em travesseiros de enraizamento, foram
ativadas por Kelly em 8 de julho. Antes de serem colhidas, as plantas cresceram
em ambiente controlado, com luz especial.
Para comê-las, os astronautas limparam cuidadosamente as
folhas com toalhas desinfetantes e podiam ingerir apenas a metade das folhas.
As outras foram separadas e serão congeladas na estação até que possam ser
enviadas à Terra para análises científicas.
A alimentação dos astronautas é uma das mais importantes
questões para futuras missões tripuladas a planetas distantes, como a
colonização de Marte. Se for possível cultivar o próprio alimento não será
necessário enviar quilos de mantimentos dentro das naves ou mandar missões de
abastecimento, como as que são periodicamente enviadas à ISS.
"Quanto mais longe forem as viagens dos humanos pelo
espaço, maior será a necessidade de cultivar vegetais para alimentação,
reciclagem da atmosfera e benefícios psicológicos", disse o cientista da
Nasa Giola Massa, um dos responsáveis pelo Veg-01.
De acordo com os astrônomos, a textura e gosto
da salada "de verdade" trazem a lembrança dos alimentos ingeridos na
superfície, deixando os humanos no espaço mais conectados à Terra, além de
nutridos.
fonte: veja.abril.com.br
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