O Universo está morrendo lentamente. Mas o declínio é mais
veloz do que o esperado pelos astrônomos, de acordo com uma ampla análise feita
por uma equipe internacional de cientistas de mais de 30 universidades
europeias, australianas e americanas. Divulgado na segunda-feira (10), o estudo
traz as medições mais precisas de energia já realizadas até hoje em uma grande
zona do espaço, com mais de 220 000 galáxias distantes. As conclusões revelam
que, atualmente, elas produzem metade da energia que geravam há 2 bilhões de
anos. Em termos cósmicos, isso significa um rápido "apagar das luzes"
e as poucas estrelas que nascem não parecem ser capazes de substituir as
antigas - o cosmo, assim, deixaria de brilhar aos poucos.
"O Universo se estirou no sofá, se cobriu com uma manta
e se prepara para um sono eterno", afirma o astrônomo Simon Driver, membro
do Centro Internacional de Pesquisas Radioastronômicas (ICRAR) da Austrália e
um dos responsáveis pelo estudo.
Os cientistas sabiam que, após a intensa formação de
estrelas do Universo, que surgiu há cerca de 13,8 bilhões de anos a partir do
Big Bang, ele iria "envelhecer" e "morrer" gradualmente. No
entanto, nenhuma pesquisa tinha ainda investigado com tantos detalhes a
quantidade de luz emitida pelas galáxias e, com isso, avaliado a produção total
de estrelas, um parâmetro que revela o grau de atividade do cosmos.
"O resultado mais surpreendente da nova análise é que
muitas estrelas se apagaram nos últimos 2 bilhões de anos. É como se tivéssemos
chegado à velhice mais rápido que o esperado", explica o astrônomo Amâncio
Friaça, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
da Universidade de São Paulo (USP).
Evolução do cosmo - A pesquisa é parte do projeto Gama
(Galaxy and Mass Assembly), uma cooperação internacional que usa os sete dos
telescópios mais potentes do mundo, como os do Observatório Europeu do Sul
(ESO), no Chile, e os telescópios espaciais Galex e Wise, da Nasa, para estudar
a formação e evolução das galáxias. As observações foram feitas durante oito
anos e os instrumentos mediram diversas faixas do espectro eletromagnético (do
infravermelho ao ultravioleta, além da luz visível).
Estrelas como o nosso Sol, formado há cerca de 4,5 bilhões
de anos e, portanto, recentes, ainda levarão muitos bilhões de anos para chegar
a esse "envelhecimento". De acordo com os especialistas, o estudo
ajuda a compreender melhor as origens e períodos de existência das galáxias e
do cosmo.
"Essa é uma análise que refinou muitas pesquisas
anteriores. O próximo passo é compreender quais os fatores que estão
influenciando nesse fenômeno. Será que a energia escura, uma força que preenche
quase 70% do Universo tem algum papel nisso? Quem sabe os próximos experimentos
poderão nos ajudar a responder essas questões e iluminar como será nosso
futuro", diz Friaça.
fonte: veja.abril.com.br
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