sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Vespa brasileira pode ser a nova arma de combate ao câncer

O poderoso veneno de uma vespa encontrada no Sudeste brasileiro pode ser o mais novo aliado da luta contra o câncer. A agressiva Polybia paulista, conhecida como "paulistinha", produz uma toxina capaz de destruir as células dos tumores sem agredir células saudáveis. De acordo com um estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade de Leeds, na Inglaterra, a ação da substância pode inspirar uma nova classe de medicamentos para combater a doença.


O inseto, descoberto e descrito pelo professor Mário Palma, da Unesp de Rio Claro e um dos autores do artigo, fabrica a MP1, que é capaz de atacar os lipídios (moléculas de gordura) contidos na membrana das células dos tumores, poupando as sadias. Os pesquisadores sabiam que a toxina agia contra micróbios causadores de doenças destruindo a membrana das células bacterianas. Mais tarde, os estudos revelaram que a toxina é promissora para proteger humanos de câncer e tem capacidade para inibir o crescimento de células de tumores de próstata e de bexiga, além de células de leucemias resistentes a várias drogas. Mas, até agora, não se sabia como a MP1 conseguia destruir seletivamente as células tumorais.

Novas drogas - Esse mecanismo de ação da toxina foi descrito pelos pesquisadores brasileiros e ingleses em um artigo publicado nesta semana no periódico Biophysical Journal. Os cientistas pesquisaram sua ação em linfócitos com leucemia e perceberam que a MP1 consegue abrir fendas nas membranas das células doentes, fazendo com que deixem escapar proteínas e outras substâncias que as mantêm vivas. Essa é a característica que, futuramente, pode ser aprimorada para propósitos clínicos.

"Terapias contra o câncer que atacam a composição de lipídios da membrana da célula seriam uma classe inteiramente nova de drogas antitumorais. Isso poderia ser útil para o desenvolvimento de novas terapias combinadas, nas quais múltiplas drogas são utilizadas para tratar um câncer atacando diferentes partes de suas células simultaneamente", disse Paul Beales, um dos autores do estudo.
Essa seria uma maneira inovadora de combater o câncer, pois atua na membrana das células e não no núcleo, o alvo da maior parte dos estudos desenvolvidos atualmente. De acordo com os autores, os próximos passos serão tentar manipular a estrutura da toxina para verificar se ela se mantém eficaz no combate ao câncer e, se isso for possível, começar os testes em animais. Se essas etapas se mantiverem promissoras, ensaios clínicos com humanos poderão ser feitos no futuro.

fonte: veja.abril.com.br

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