A falta de referências de cor próximas e de informações
sobre o tipo de luz na foto permitem que o cérebro interprete a cena de jeitos
distintos.
A foto de um vestido circulou nas redes sociais na noite
desta quinta-feira provocando controvérsia: algumas pessoas o enxergam azul com
rendas pretas enquanto outras juram que a peça é branca com rendas douradas.
Quem postou a foto na internet foi a cantora escocesa
Caitlin McNeill, alegando que ela e seus amigos não concordavam sobre a cor da
peça. A imagem se espalhou pelas redes sociais e o debate ganhou o mundo. Uma
pesquisa feita pelo site Buzzfeed, respondida por 2,5 milhões de pessoas,
mostrou que 70% delas viam o vestido branco e dourado. Estavam enganadas.
Caitlin revelou que o vestido é azul e preto.
Uma das primeiras hipóteses levantadas para explicar o
fenômeno foi a diferença das telas de celulares e computadores nas quais as
pessoas viam a imagem. Esta teoria foi rapidamente derrubada, porque pessoas
olhando a foto no mesmo aparelho ainda discordavam sobre a cor do vestido.
A ilusão é um efeito provocado pelo mecanismo do nosso
cérebro que faz com que a gente enxergue as cores de forma constante.
Denominado constância da cor, o fenômeno permite que a gente saiba que, em um
local escuro ou sob intensa luz solar, os objetos têm as mesmas cores, ainda
que aparentem estar diferentes.
Olhos - Nossos olhos possuem três tipos de cones, células
com capacidade de reconhecer cor: um para o azul, outro para o verde e o último
para o vermelho. Quando a luz refletida por algum objeto chega a essas células,
cada cone registra a intensidade da sua cor naquela luz. Ao serem ativadas as
regiões que reconhecem azul e vermelho, por exemplo, o cérebro calcula que o
objeto tem um tom de magenta.
"Se um objeto está sendo iluminado pelo Sol, uma cor
vem para os sensores do olho, mas se o mesmo objeto for iluminado por uma
lâmpada fluorescente, essa cor já fica diferente", explica Maria José
Santos Pompeu Brasil, pesquisadora do departamento de física de matéria
condensada do Instituto de Física da Unicamp. Como o cérebro está acostumado
com as mudanças de fontes luminosas no cotidiano, ele trabalha para equilibrar
esse efeito.
No entanto, em uma situação em que a fonte que ilumina o
objeto não está explícita e faltam referências de cor ao seu redor, cada um
pode interpretar a imagem como quiser e, inconscientemente, obter resultados
distintos. "A foto do vestido não tem boa informação de luminosidade, nem
outros objetos próximos que deem uma referência de sua cor", afirma a
pesquisadora. "Assim, nosso cérebro define qual fonte luminosa ele acha
que é, mas sem boas dicas cada pessoa pode tirar conclusões diferentes."
Maria explica que, em geral, ilusões de ótica são feitas
para enganar todas as pessoas igualmente. Neste caso, algumas pessoas veem a
cor verdadeira do vestido e outras não. "Por isso a imagem é
surpreendente", diz.
fonte: veja.abril.com.br
0 comentários:
Postar um comentário