Os
Chelicerata compreendem as aranhas, escorpiões, ácaros, escorpiões-vinagre e
aranhas-do-mar, entre outros, os quais são incluídos nos táxons Arachnida,
Xyphosura e Pycnogonida. O extenso registro fossilífero dos quelicerados mostra
que a origem desse grupo deu-se no Pré-Cambriano, em ambientes marinhos.
Atualmente, apenas Xyphosura e Pycnogonida apresentam representantes marinhos
e, entre os Arachnida, apenas alguns ácaros e aranhas invadiram secundariamente
o ambiente aquático, como uma adaptação secundaria. Chelicerata é o segundo
maior grupo de invertebrados terrestres, com cerca de 65.000 espécies
conhecidas, perdendo apenas para os insetos.
Os
Chelicerata formam um grupo monofilético dentro de Arthropoda, tendo como principal
sinapormorfia a presença de quelíceras. Pycnogonida, as aranhas-do-mar, apesar
de apesentarem uma probóscide, pernas ovígeras e opistossoma reduzido, deve ser
o grupo-irmão de Xyphosura + Arachnida. Os Merostomata, que tradicionalmente
reuniam Xyphosura (os límulus) e Eurypterida (escorpiões-marinhos, já extintos)
não deve formar um grupo monofilético, uma vez que os Eurypterida –um grupo
extinto de água doce- estariam mais relacionados com os Arachnida que com os
Xyphosura.
Como todos
os artrópodes, os quelicerados apresentam um exoesqueleto quitinoso e apêndices articulados, porém apresentam
características únicas, como a divisão do corpo em prossoma e opistossoma.
O primeiro é formado pela fusão do céfalon original de Ecdysozoa e alguns
outros segmentos, apresentando seis pares de apêndices. O primeiro par de
apêndices recebe o nome de quelíceras,
têm um número reduzido de artículos, com forma de garra ou quela e são
homólogas às antenas dos insetos ou as antenas anteriores dos crustáceos. O
segundo par de apêndices, os pedipalpos
têm origem no terceiro segmento. Os quatro pares de apêndices restantes são as pernas locomotoras, correspondendo ao
quarto, quinto, sexto e sétimo segmento.
A conquista
do meio terrestre está associada a diversas modificações nos sistemas
respiratório, excretor, no mecanismo de contenção de água, na locomoção e nas
estratégias alimentares. Com relação à respiração, os quelicerados passaram de
uma respiração branquial (já que o ancestral era marinho) para uma respiração
aérea. Os pulmões foliáceos são uma
modificação das brânquias foliáceas,
encontradas nos Xiphosura. Quelicerados mais derivados apresentam também um sistema traqueal análogo (mas não
homólogo) ao dos insetos.
Com relação
à excreção, originalmente de amônia nos ambientes aquáticos, passa a ser de
guanina, xantina e ácido úrico, este último característico de animais de
hábitos terrestres. A excreção nos quelicerados terrestres dá-se por meio das glândulas coxais e túbulos de Malpighi. As glândulas coxais são homólogas aos
metanefrídios, presentes também em onicóforos e tardígrados. Os túbulos de
Malpighi em aracnídeos são, mais uma vez, análogos mas não homólogos às
estruturas com esse mesmo nome nos Tracheata.
Para evitar
a perda d’água pela parede do corpo, há uma cerificação do exoesqueleto. O
mecanismo de locomoção, que no ancestral era natatório, no ambiente terrestre
passou a ser ambulatorial, com músculos fortes para impulsionar o corpo e
deixa-lo pouco acima do solo, o que permitiu deslocamentos rápidos.
As
estratégias alimentares também sofreram alterações. A maioria dos quelicerados
regurgita enzimas digestivas, apresentando digestão inicial externa, seguida de
ingestão de suco alimentar formado pelo alimento pré-digerido. Tanto as
quelíceras como os pedipalpos estão modificados para capturar e, em alguns,
para dilacerar suas presas.
Os ácaros
formam o grupo que sofreu mais alterações na estrutura corporal, possibilitando
novas formas de alimentação. Nesse grupo, o conjunto das quelíceras e
pedipalpos forma um cone bucal adaptado para picar e sugar e, assim, esses
quelicerados são os únicos que apresentam herbivoria e hematofagia. Os
herbívoros alimentam-se de sucos vegetais, perfurando o tecido e sugando seiva
ou parênquima e os hematófagos são ectoparasitas, perfurando o tecido do corpo
e sugando o sangue de seus hospedeiros. O demais quelicerados, inclusive
Pycnogonida, são predadores.
fonte: livro
Invertebrados: Manual de Aulas Práticas
Cibele S.
Ribeiro-Costa, Rosana Moreira da Rocha
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