Quanto mais especializado o cérebro se torna na língua
materna, mais difícil é aprender um novo idioma.
A idade em que uma criança aprende um segundo idioma pode
influenciar sua estrutura cerebral na idade adulta. É o que mostra um estudo de
pesquisadores da Universidade McGill, no Canadá, e da Universidade de Oxford,
na Grã-Bretanha.
Os pesquisadores concluíram pessoas que aprendem um ou dois
idiomas desde o nascimento têm um desenvolvimento cerebral parecido, enquanto
aqueles que aprendem uma segunda língua mais tarde na infância, depois dos três
anos de idade, quando a língua materna já foi adquirida, têm a estrutura
cerebral modificada por esse aprendizado. “Nosso trabalho mostra que a
estrutura do cérebro muda como resultado da nossa experiência com idiomas,
assim como os músculos ou outras partes do corpo podem mudar a partir de uma
experiência específica”, disse Kate Watkins, uma das autoras do estudo, ao site
de VEJA. A pesquisa foi publicada no final de junho na edição online do periódico
Brain and Language.
Mudança estrutural – A equipe utilizou um programa de
computador desenvolvido na própria Universidade McGill para analisar, por meio
de imagens de ressonância magnética, a estrutura cerebral de 66 indivíduos
bilíngues e 22 monolíngues. Os resultados mostraram que, nas pessoas que
aprenderam a segunda língua após adquirirem proficiência no idioma materno, o
giro frontal inferior, área do cérebro relacionada à produção e compreensão da
fala, apresenta alterações: o lado esquerdo se torna mais espesso, enquanto o
giro frontal inferior direto fica mais fino.
Segundo os autores, o fato de o lado esquerdo ser mais
espesso pode indicar que essa região não passou pelo afinamento característico
da maturação do cérebro. “Ou a sua maturação foi atrasada ou as conexões
excessivas não foram ‘aparadas,’ porque elas estão dando suporte para a segunda
língua, adquirida mais tarde”, afirma Denise Klein, principal autora do estudo.
Assim, quanto mais tarde na infância uma pessoa aprender um
segundo idioma, maiores as mudanças estruturais nessa região cerebral.
“Independentemente de serem uma, duas ou mais línguas, nosso estudo mostra que
a idade [em que elas são aprendidas] é o fator crucial para determinar como a
estrutura do cérebro será alterada”, afirma Kate.
As autoras reforçam que aprender outro idioma é bom para o
cérebro em qualquer idade, porém quanto maior a idade de uma pessoa, sua
eficiência para adquirir esse conhecimento tende a ser menor. “Isso pode
acontecer porque o cérebro já se tornou altamente especializado na sua língua
materna, o que torna mais difícil utilizar essa arquitetura para produzir um
idioma diferente”, explica Denise.
Fonte: veja.abril.com.br
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