Desde o rasante histórico sobre Plutão, em 14 de julho, a
sonda New Horizons vem trazendo informações inéditas e surpreendentes. A
revelação e análise de uma série de fotos feitas a 12.390 quilômetros de
altitude, o ponto mais próximo que a missão alcançou da superfície, mostrou aos
astrônomos o relevo mais complexo já visto no Sistema Solar. As novas imagens,
divulgadas nesta quinta-feira (10) indicam uma variedade tão grande de
diferentes aspectos da superfície do planeta anão que os cientistas ficaram
"atônitos e desconcertados", de acordo com a Nasa.
"Plutão está nos mostrando uma diversidade geográfica e
processos tão complexos que rivalizam com qualquer coisa que já vimos no
Sistema Solar", disse o astrônomo Alan Stern, líder da missão New Horizons
e cientista do Southest Research Institute, nos Estados Unidos (SwRI, na sigla
em inglês), no comunicado da Nasa. "Se um artista tivesse pintado esse
Plutão antes do rasante, eu provavelmente diria que ele exagerou - mas é
exatamente o que está lá."
As imagens foram recebidas no último fim de semana e trazem
uma excelente resolução de 400 metros por pixel. As fotos mostram dunas, fluxos
de gelo de nitrogênio (que parecem escorrer das montanhas para as planícies), e
vales que podem ter sido esculpidos por substâncias que flutuam pela
superfície. Há também amplas regiões com montanhas caoticamente reunidas,
resquícios de terrenos que irromperam de Europa, a Lua gelada de Júpiter.
Para os cientistas, o mais impressionante e difícil de
compreender é a formação das dunas. Há regiões escuras que, à primeira vista,
parecem desenhadas pelo vento, algo que os astrônomos imaginavam impossível
antes do rasante.
"Enxergar dunas em Plutão - e é exatamente o que vemos
- é completamente louco, porque sua atmosfera atual é muito fina. Ou ele teve
uma atmosfera mais espessa no passado, ou alguns processos que ainda não
compreendemos estão atuando ali. É um quebra-cabeça", disse o astrônomo
William McKinnon.
New Horizons - Após percorrer 4,8 bilhões de quilômetros,
desde que foi lançada pela Nasa, em janeiro de 2009, a sonda New Horizons
chegou a 12.390 quilômetros de Plutão para fazer fotos e recolher material de
sua atmosfera. As imagens já divulgadas pela agência espacial americana
mostraram coim riqueza de detalhes as cinco luas do planeta-anão (Charon, Styx,
Nix, Kerberos e Hydra), bem como a superfície e a atmosfera do corpo celeste,
envolvido por um brilhante halo branco. Os cientistas também descobriram que
Plutão, além de gelado, tem ao seu redor uma "neblina" que se estende
da superfície até 130 quilômetros de altura. São duas camadas, uma de 50
quilômetros de espessura e outra de 30 quilômetros.
Essa exploração de uma área desconhecida do Sistema Solar
busca trazer informações sobre Plutão e sua maior lua, Charon. Pequenos
planetas como Plutão são relíquias de mais de 4 bilhões de anos que podem
trazer dados reveladores sobre as origens do Sistema Solar.
Após a aproximação, a New Horizons continua sua viagem para
uma região do Sistema Solar conhecida como Cinturão de Kuiper, que se estende
de Netuno até depois do planeta-anão. Em Kuiper existem diversos planetas
anões, mas a área foi até hoje pouco explorada por missões espaciais. Essa
segunda etapa da viagem está prevista para o período entre 2016 e 2020.
fonte: veja.abril.com.br
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