Com veículos e informações rápidas, o mundo parece girar
mais veloz. Mas a Terra, que não costuma respeitar o ritmo da tecnologia, está
rodando mais devagar. Por isso, nesta terça-feira, o dia será mais longo: terá
1 segundo extra. Com essa piscar de olhos, os relógios serão sincronizados com
a rotação do planeta. Não é muita coisa, mas é um lembrete importante de que o
tempo, esse que conhecemos e é marcado pelos relógios e celulares, não é mais
que uma construção humana.
"A rotação da Terra está diminuindo gradualmente, e
segundos a mais são uma forma de dar conta disso", afirmou Daniel
MacMillan, astrônomo da Nasa, em comunicado da última sexta-feira.
Assim, o último minuto do mês de junho de 2015 vai durar 61
segundos, em vez dos 60 usuais. O fenômeno se explica pela rotação irregular da
Terra, e não é novo: desde 1972 eles costumam surgir. O último aconteceu em
2012 e, antes, em 2008.
Isso acontece porque nossos relógios são ajustados de acordo
com o Tempo Universal Coordenado (UTC, na sigla em inglês), base para todos os
fusos horários. Esse tempo é dado por um sistema de relógios atômicos muito
precisos, que calculam a duração de um segundo de acordo com mudanças bastante
previsíveis de átomos de césio. É necessário mais de 1,4 milhão de anos para
que o césio perca um segundo.
Nosso planeta, entretanto, não é tão bom com as horas. Na
teoria, a Terra leva 86 400 segundos em uma rotação (é o número contido em 24
horas). Mas, na prática, a duração é de 86 400,002 segundos. Ou seja, ela está
um pouquinho atrasada. Isso acontece por efeito da força de atração
gravitacional entre a Lua e o Sol, responsável pelas marés. Também depende de
movimentos atmosféricos, variações dos gelos e forças como os terremotos, que
tornam o movimento de rotação um pouco mais lento.
Somados, todos esses milissegundos fariam com que os
relógios ficassem em descompasso com o planeta. Por isso, os cientistas inserem
esse segundo nos relógios com o objetivo de sincronizar a velocidade dos
ponteiros com a da Terra.
Sincronia digital - Se, em um dia comum, um segundo pode não
fazer muita diferença, para as máquinas, é fundamental. "Os grandes
sistemas de navegação por satélite, os principais sistemas de sincronização de
redes de computadores, devem levar em conta esta alteração. Se não, correm o
risco de 'erros'", explicou Daniel Gambis, diretor do Serviço de Rotação
da Terra (sim, tal instituição existe!), em Paris.
No início do ano, a Nasa e o Instituto Internacional de
Pesos e Medidas (BIPM), na França, alertou fabricantes e responsáveis pelos
sistemas digitais a respeito da alteração. Ela não deverá causar panes ou
grandes problemas nos sistemas. Afinal, com esse método, 26 preciosos segundos
foram adicionados aos dias desde 1972.
fonte: veja.abril.com.br
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