De acordo com estudo, o Monte Sharp, um das formações
sedimentares mais enigmáticas do planeta teria se formado pela ação do vento, e
não pela deposição de partículas no fundo de um lago
O Monte Sharp, montanha de 5,5 quilômetros de
altura em Marte, pode ter se formado a partir da ação do vento, e não da água,
como se pensava anteriormente. Para chegar a essa hipótese, pesquisadores da
Universidade de Princeton e do Instituto de Tecnologia da Califórnia, Estados
Unidos, analisaram os ventos do planeta vermelho na região da Cratera Gale, no
centro da qual está o Monte Sharp. A hipótese da formação dessa montanha a
partir de sedimentos acumulados em um lago é uma das principais razões pela
qual a sonda Curiosity pousou em Marte perto deste local, em agosto de 2012:
para estudar se o planeta teve condições de abrigar vida.
"Nosso trabalho não refuta a existência de lagos na
Cratera Gale, mas sugere que os sedimentos que formaram o Monte Sharp foram
depositados principalmente pela ação do vento", afirma Kevin Lewis, um dos
autores do estudo e integrante da equipe de cientistas envolvidos com a sonda
Curiosity. O estudo foi publicado na edição de maio da revista Geology.
Análises – No estudo, foram utilizadas imagens de satélite
da Cratera Gale captadas pela câmera High Resolution Imaging Science Experiment
(HiRISE), a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO). Os autores
analisaram os detalhes topográficos do Monte Sharp e dos territórios ao redor e
descobriram que as camadas que formam a montanha não se acumularam de forma
horizontal e nivelada, como aconteceria com sedimentos depositados em um lago.
Em vez disso, as partículas formaram um incomum padrão radial.
Os pesquisadores criaram um modelo de computador para testar
como os padrões de circulação do vento podem ter afetado a deposição de
sedimentos e erosão em uma cratera como a de Gale. Eles descobriram que a
entrada e saída constante dos ventos pode ter limitado a deposição perto das
bordas da cratera, ao mesmo tempo em que formou uma montanha no centro dela.
De acordo com os autores, as camadas mais altas do Monte
Sharp ficam acima das bordas da cratera em diversos pontos. Como a Cratera Gale
se localiza nas terras baixas no norte de Marte, se ela tivesse sido preenchida
por água até a altura do Monte Sharp, todo o hemisfério norte do planeta teria
sido alagado.
Análises do solo realizadas pela sonda Curiosity vão ajudar
a determinar a natureza do Monte Sharp e do clima de Marte. Erosões pelo vento
dependem de fatores específicos, como o tamanho das partículas que serão
carregadas, então as informações obtidas pelo robô Curiosity vão ajudar a
descobrir, por exemplo, a velocidade dos ventos em Marte. Na Terra, os
sedimentos acumulados precisam de um pouco de umidade para se transformarem em
rocha. Para Lewis, será interessante descobrir como as camadas do Monte Sharp
se mantêm unidas e como a água pode estar envolvida nesse processo.
Fonte: veja.abril.com.br
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