quinta-feira, 27 de junho de 2013

A teoria da geração espontânea

Também conhecida como abiogênese, essa teoria existe pelo menos desde Aristóteles. De acordo com ela, a vida poderia surgir espontaneamente e continuamente da matéria bruta. Algumas observações feitas por pessoas comuns, no dia-a-dia, pareciam reforçar essas ideias: o fato de aparecerem larvas de insetos sobre o lixo em decomposição, por exemplo, alimentou a ideia de que as larvas teriam “brotado” do lixo (não se conheciam, na época, os detalhes da reprodução dos insetos). A circunstância de girinos surgirem na água de uma poça, de um dia para outro, parecia ser a prova de que tinham se originado diretamente da lama da poça. A descoberta dos microrganismos, depois da construção do microscópio pelo holandês Anton va Leeuwenhoek, no século XVII, representou mais um argumento a favor da geração espontânea: não se podia imaginar que seres tão simples pudessem possuir qualquer método de reprodução.

A situação chegou a tal ponto que, por volta do século XVII, o belga Van Helmont anunciou uma famosa “receita” para obter ratos, a partir da mistura de roupa suja com sementes de trigo…! Pouco tempo depois, no entanto, o italiano Francesco Redi demonstrou por meio de um engenhoso experimento, que o surgimento de larvas na carne em decomposição não se dava espontaneamente -, mas sim a partir de moscas que ali depositavam seus ovos.


Uma famosa polêmica entre os defensores e os atacantes da doutrina da abiogênese iria instalar-se, no século seguinte, entre o inglês John Needham (defensor das ideias de geração espontânea) e o italiano Lazaro Spallanzani. O inglês realizou várias experiências utilizando-se de variados “caldos nutritivos”, constatando seguidamente a proliferação de microrganismos em seus recipientes. Spallanzani acusou, então, Needham de não ter procedido com a total eliminação dos micróbios em seus caldos. Para demostrá-lo, repetiu os experimentos de Needham levando os caldos à fervura e em seguida fechando-os bem: não havia, nesse caso, o crescimento de microrganismos enquanto os frascos não fossem novamente abertos. Mas Needham retrucou, acusando Spallanzani de ter destruído, pelo calor, o “princípio vital” de suas infusões nutritivas.

Por mais estranho que nos pareçam essas ideias hoje, a crença na geração espontânea perdurou até meados do século XIX, quando finalmente o francês Louis Pasteur conseguiu derrubar essa teoria da maneira definitiva, por meio de alguns experimentos simples porém muito corretos em sua formulação.

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