sábado, 8 de junho de 2013

Pesquisadores encontram mais antigo esqueleto de primata

Fóssil descoberto na China revela espécie que viveu há 55 milhões de anos

Paleontólogos descobriram na China um esqueleto quase completo de um pequeno primata que viveu há 55 milhões de anos. Esse é o fóssil mais antigo do tipo já encontrado — pelo menos 7 milhões de anos mais velho do que os outros fósseis de primatas — e pode ajudar a revelar uma série de detalhes sobre a evolução dos ancestrais humanos. A pesquisa que relata o achado foi publicada nesta quinta-feira na revista Nature.


Segundo os cientistas, o esqueleto encontrado também é importante por pertencer a uma espécie mais próxima aos humanos do que outros fósseis de antigos primatas. "Embora os cientistas já tenham encontrado alguns dentes, maxilares, crânios e ossos de primatas desse mesmo período, nenhuma dessas evidências era tão completa quanto este novo esqueleto. Com mais ossos, ganhamos mais informações e melhores evidências para estudar a evolução dos primatas. Começamos a abrir mão da especulação", diz  um dos autores do artigo, Dan Gebo, antropólogo da Universidade do Norte de Illinois, nos Estados Unidos.

O fóssil foi descoberto por Xijun Ni, paleontólogo da Academia Chinesa de Ciências, durante trabalhos de campo realizados na província de Hubei, no centro da China. O esqueleto foi entregue ao cientista por um fazendeiro local, que o havia encontrado em meio a uma pedreira onde já foram encontrados vários fósseis de peixes e aves antigos. Segundo os pesquisadores, há cerca de 50 milhões de anos a região era formada por um grande conjunto de lagos, cercado por florestas tropicais exuberantes.



O esqueleto havia passado milhões de anos encapsulado dentro de uma rocha na pedreira, e só foi descoberto quando o fazendeiro a partiu ao meio. "Nossa análise mostra que este novo primata era muito pequeno e pesava menos de 30 gramas. Tinha pernas finas e uma cauda longa. Ele teria sido um excelente saltador de árvores e se alimentava de insetos", diz Xijun Ni.

Os pesquisadores nomearam a nova espécie como Archicebus achilles. Archi é a palavra grega para início, e Cebus significa "macaco de cauda longa". Assim, o gênero Archicebus pode ser traduzido como o primeiro macaco de cauda longa. O nome da espécie, Aquiles, é uma alusão à estranha anatomia de seu calcanhar — que, por ser semelhante à encontrada em macacos modernos, pode ser uma peça chave para entender a evolução dos primatas.

Elo primata — Para estudar a espécie, os pesquisadores precisaram juntar virtualmente as partes do fóssil que foram separadas quando a rocha foi partida, criando uma reconstrução tridimensional, em alta resolução, do esqueleto do primata. Assim, eles descobriram que o Archicebus possuía uma combinação pouco usual de características anatômicas que nunca haviam sido vistas antes. "Ele difere radicalmente de qualquer outro primata, vivo ou morto, conhecido pela ciência. Ele se parece com um híbrido: possui os pés de um macaco pequeno, os braços, pernas e dentes de um primata antigo e um crânio muito primitivo, com olhos surpreendentemente pequenos. A descoberta nos forçará a reescrever a história da evolução da linhagem que deu origem ao homem", diz Christopher Beard, pesquisador do Museu Carnegie de História Natural.

Os pesquisadores dizem que o esqueleto é essencial para entender um evento importante na evolução primata e humana: a divergência evolutiva que separou o grupo dos macacos e grandes primatas do grupo dos társios — pequenos primatas com olhos enormes que hoje em dia só são encontrados em ilhas no sudeste asiático. "Interpretamos esta nova combinação de características como prova de que este fóssil é bastante primitivo, e sua anatomia única é um elo entre os társios e os macacos", afirma Beard.


Os pesquisadores dizem que fósseis de antigos primatas foram descobertos em vários continentes, mas os mais antigos, como o do Archicebus achilles, apontam para a Ásia como o local onde a linhagem se originou. "No passado, muitos cientistas acreditavam que a África foi o continente de origem de todos os primatas, mas na última década parece que a Ásia se tornou o continente mais provável de origem, e esse novo esqueleto apoia esta suposição", afirma Dan Gebo.

Fonte: veja.abril.com.br

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