É bem conhecido o fato de que os líquidos que contêm substâncias
orgânicas, como um caldo de carne, deterioram com facilidade, porque
neles se desenvolvem rapidamente bolores e bactérias da decomposição. Na
época de Pasteur, o aparecimento dos microrganismos era creditado, já
dissemos, à geração espontânea. Coube a Pasteur demonstrar que as
bactérias que decompõem o líquido provêm do ar, não brotando do líquido
espontaneamente.
Pasteur realizou uma série de experiências, entre as quais o famoso
experimento do frasco com “pescoço de cisne”. Pasteur colocou vários
líquidos em alguns frascos de vidro: suspensão de levedura de cerveja em
água; suspensão de lêvedo em água e açúcar; urina; suco de beterraba. O
gargalo dos frascos foi aquecido e puxado até ficar com várias
curvinhas. Em seguida, os líquidos foram fervidos durante vários
minutos, saindo os vapores pela abertura de cada gargalo.
Após esfriar os frascos, os líquidos se mantinham sem mudanças por um tempo indeterminado. Apesar de os líquidos estarem em contato com o ar,
Pasteur entendeu que, quando eles são fervidos, o vapor expulsa o ar
através do orifício do pescoço do balão; interrompendo-se o aquecimento,
o ar carregado de poeira e microrganismos penetra no frasco. No
entanto, com a temperatura interna ainda alta, os germes não sobrevivem.
À medida que a temperatura abaixa, o ar continua penetrando, porém com
mais lentidão, deixando a poeira e os germes presos nas curvaturas
úmidas do pescoço, que funciona então como um filtro de ar. Dessa forma,
Pasteur estava demonstrando que os líquidos nutritivos não geravam vida, mas que a vida, isto sem, provinha de fora.
Nessa altura, alguns dos opositores de Pasteur alegaram que, devido à fervura, o líquido havia perdido a capacidade de gerar vida. Pasteur respondeu por meio de uma experiência simples e conclusiva. Vejamos o que ele disse: “[...] depois de um ou vários meses no incubador, o pescoço do frasco foi removido por um golpe dado de tal modo que nada, a não ser as ferramentas, o tocasse, e, depois de 24, 36 ou 48 horas, bolores se tornaram visíveis, exatamente como no frasco aberto, ou como se o frasco tivesse sido inoculado com poeira do ar”.
Pasteur demonstrou, dessa forma, que a fervura não havia modificado as propriedades do líquido, que continuava capaz de abrigar vida.
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