Novo método de leitura cerebral é capaz de provar que os
bebês são visualmente conscientes
As mães parecem não ter dúvidas, mas, até agora, os
pesquisadores não possuíam modos de provar que os bebês têm consciência. Testes
usados para mostrar que um indivíduo adulto está ciente do mundo à sua volta
não funcionam com essas crianças, pois dependem de sua capacidade de relatar o
que está percebendo. Um novo estudo publicado nesta quinta-feira na revista
Science descreve um novo método de leitura cerebral capaz de provar que os
bebês são visualmente conscientes — eles vêm um objeto, sabem que o viram e se
lembram disso. E isso acontece a partir dos cinco meses de idade, segundo a
pesquisa.
Para provar a tese, os pesquisadores estudaram um fenômeno
psicológico conhecido como máscara visual. Nele, os cientistas apresentam um
objeto para um indivíduo adulto, mas o retiram do campo de visão rapidamente.
Se ele for retirado rápido o suficiente, pode sumir de sua percepção — sua
consciência não chega a notar a existência do objeto, mesmo que seu cérebro o
tenha registrado.
Os neurocientistas descobriram que leituras cerebrais são
capazes de diferenciar os momentos em que o objeto é mostrado de forma rápida
demais e passa despercebido de quando ele fica tempo suficiente para marcar seu
lugar na memória do indivíduo. No primeiro caso, o cérebro emite um sinal
elétrico nos primeiros 200 a
300 milissegundos, indicando que percebeu o objeto de forma inconsciente. No
outro caso, existe um segundo sinal elétrico, de natureza diferente, que mostra
que o objeto foi visto pelo indivíduo e marcou seu lugar em sua consciência.
No novo estudo, os pesquisadores quiseram ver se a mesma
atividade cerebral podia ser vista em bebês. Para isso, selecionaram três
grupos de crianças: trinta bebês de cinco meses de idade, 29 de doze meses e 21
de quinze meses. Cada uma teve 128 eletrodos instalados em sua cabeça, que
mediam a atividade cerebral enquanto os pesquisadores lhes apresentavam cartões
com faces humanas desenhadas.
A pesquisa mostrou que os bebês apresentavam os mesmos dois
tipos de atividade elétrica que os adultos, indicando que a mesma arquitetura
de percepção já está presente em seu cérebro desde os cinco meses de idade. O
sinal, no entanto, foi mais forte e duradouro nas crianças mais velhas. Segundo
os pesquisadores, isso mostra que esses mecanismos cerebrais passam por uma
aceleração em seu desenvolvimento conforme o indivíduo cresce.
Os neurocientistas sugerem que o teste pode ser usado como
um marcador neurológico da consciência nos bebês. Ele já se provou útil para
indicar se pacientes que passavam por estados vegetativos estavam conscientes
ou não. Agora, eles sugerem que seja usado com o mesmo objetivo em bebês que
estejam passando por anestesia ou doenças severas.
Fonte: veja.abril.com.br
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