Tecnologia só foi testada com micro-ondas, mas cientistas
acreditam que em breve poderão experimentar seus resultados no espectro da luz
visível
As tecnologias de invisibilidade passaram por grandes
avanços na última década. Mesmo assim, ainda estão longe do que é visto no
cinema: os dispositivos ainda são volumosos, pouco flexíveis e em geral só
funcionam para "esconder" formas geométricas — muito diferente da
capa de invisibilidade da série Harry Potter, por exemplo.
Pesquisadores da Universidade do Texas, nos Estados Unidos,
deram um passo importante ao apresentar um manto maleável, com a espessura
aproximada de um fio de cabelo. A tecnologia só foi testada para micro-ondas,
mas os pesquisadores acreditam que em breve poderão experimentar seus
resultados no espectro da luz visível. Um estudo foi publicado na edição desta
terça-feira da revista New Journal of Physics.
A capa desenvolvida pelos cientistas é feita a partir de
fios de cobre afixados em um filme de policarbonato de apenas 100 micrômetros
(o que equivale a um décimo de milímetro), arranjados em um formato de rede com
fitas verticais e circulares. O manto foi usado para tornar um cilindro de 18 centímetros
invisível a micro-ondas na frequência de 3,6 Gigahertz. Durante os testes,
sensores instalados de todos os lados do cilindro foram incapazes de perceber
sua existência.
Invisibilidade – Os objetos são detectados conforme o
reflexo das ondas — podem ser de luz, raios-x, micro-ondas ou até som — em sua
superfície. Um objeto só é enxergado, por exemplo, quando os raios de luz
visível são refletidos em direção aos olhos do observador.
Os estudos anteriores sobre dispositivos de invisibilidade
se baseavam no desenvolvimento de materiais capazes de desviar os raios de luz
ao redor de um objeto, impedindo sua reflexão. Assim, os pesquisadores criavam
a ilusão de que ele não estava ali. Essa tecnologia, no entanto, ainda resulta
em dispositivos grandes e poucos adaptáveis.
O novo método usa as ondas refletidas pelo próprio manto
para anular as ondas refletidas pelo objeto coberto. "Os campos da capa e
do objeto se cancelam, e o efeito geral é de transparência", diz Andrea
Alu, autor do estudo.
Segundo os pesquisadores, as vantagens do manto em
comparação às tecnologias mais antigas é justamente sua flexibilidade — ele
pode ser usado em vários tipos de materiais sem precisar de grandes adaptações.
Além disso, é de fácil fabricação e pode funcionar com diferentes tipos de onda.
A tecnologia foi primeiro testada em micro-ondas, raios
invisíveis ao olho humano, usados em radares e nas telecomunicações. O próximo
desafio é usar o manto para esconder um objeto no espectro da luz visível. É um
desafio e tanto. O tamanho dos objetos que podem ser escondidos com esse método
muda conforme o comprimento de onda. Por enquanto, os cientistas preveem que,
trabalhando com luz visível, só poderão esconder objetos do tamanho de
micrometros.
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