Os micro-robôs se deslocaram por um labirinto utilizando os
mesmos mecanismos de orientações dos insetos
Pesquisadores conseguiram reproduzir o comportamento de uma
colônia de formigas utilizando robôs em miniatura em forma de cubos com cerca
de 2 centímetros ,
batizados de Alice. O estudo, publicado no periódico PLoS Computational
Biology, procurava entender como as formigas se orientam nos diversos túneis
criados por elas, que formam verdadeiros labirintos que ligam o ninho até as
fontes de alimento.
Os insetos utilizados como referência foram as formigas
argentinas (Linepithema humile), que se guiam na natureza por trilhas de
feromônios (substância química que permite o reconhecimento de animais da mesma
espécie) deixadas por outros indivíduos. Esse comportamento foi reproduzido nos
robôs por meio de uma trilha de luz emitida por eles e captada pelos outros
“Alices” por meio de dois sensores de luz que mimetizam as antenas das
formigas.
No início do experimento, como não havia nenhuma trilha de
luz no labirinto criado para reproduzir os túneis das formigas, os robôs
tendiam a escolher, a cada bifurcação, os caminhos que os desviavam menos da
trajetória inicial. Mas ao detectar uma trilha de luz, eles passavam a
segui-la. O mesmo é observado nas formigas: elas tendem a escolher, em
bifurcações, o caminho que se desvia menos de onde elas estão vindo, por ser a
opção que requer um esforço menor. Porém, quando há feromônios, elas passam a
seguir a direção na qual a presença dessa substância é mais intensa.
“Em resumo, de um lado está o feromônio, que permite que as
formigas escolham um caminho — frequentemente o mais curto —, e do outro lado
está a geometria assimétrica das bifurcações, que reduz as chances de que as
formigas escolham o caminho errado e se percam. A combinação dos dois fatores
aumenta a habilidade da colônia de selecionar o caminho correto mesmo em
ambientes complexos”, disse Bem Hinnant, um dos autores do estudo, ao site de
VEJA.
Dessa forma, os pesquisadores descobriram que os robôs não
precisavam estar programados para calcular a geometria das bifurcações, e
conseguir, assim, se deslocar pelo labirinto numa reprodução do comportamento
dos insetos. As formigas argentinas têm visão ruim e se movem rápido demais
para poder fazer cálculos sobre suas decisões de caminhos. O fato de os robôs,
que não foram programados para realizar cálculos, terem se comportado da mesma
forma que as formigas mostra que um processo cognitivo complexo não é
necessário para que os membros das colônias se movam de forma eficiente em seus
complexos labirintos.
Fonte: veja.abril.com.br
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