Esqueleto apresentado no Museu Nacional, no Rio de Janeiro,
mede 8,26 metros
de envergadura e é o pterossauro gigante mais completo já encontrado
Paleontólogos da Universidade Federal do Rio de Janeiro
apresentaram nesta quarta-feira o terceiro maior fóssil de um pterossauro já
encontrado no mundo. De asas abertas, o animal media 8,26 metros . O fóssil
foi descoberto na Bacia do Araripe, entre Ceará, Piauí e Pernambuco, e estará
exposto a partir desta sexta-feira no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no
Rio de Janeiro. A pesquisa que descreve o animal e outros dois fósseis
encontrados na região foi publicada na edição de março da revista Anais da
Academia Brasileira de Ciências.
A partir da análise da anatomia do esqueleto, os cientistas
identificaram os fósseis como pertencentes a um pterossauro da espécie
Tropeognathus mesembrinus, descoberta na década de 1980. Segundo os
paleontólogos, o fóssil é o mais completo esqueleto de um pterossauro gigante
já encontrada no mundo — os dois animais maiores que o exemplar brasileiro são
conhecidos por meio de apenas alguns ossos. “O esqueleto está 60% completo, com
partes significativas do crânio, da mandíbula, coluna e asas”, diz Alexander
Kellner, paleontólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro responsável
pela descoberta.
Os pesquisadores destacam que o estudo é importante por
estabelecer uma nova padronização para se medir o tamanho das asas desse tipo
de animal, o que costuma gerar discussões entre paleontólogos. Um dos métodos
propostos pelos cientistas — chamado de envergadura maximizada — leva em conta
o comprimento total de todos os ossos das asas. Segundo esse cálculo, o
pterossauro descoberto no Brasil media 8,7 metros . “Mas as asas
dos animais não costumam ser totalmente retas. Elas têm curvaturas naturais,
que variam de acordo com a espécie. No caso desse pterossauro, as curvas
deixavam suas asas 5% menores”, diz Alexander. Segundo a nova medida — chamado
envergadura normal — o animal media 8, 26 metros .
Mesmo que o novo cálculo diminua um pouco o tamanho do
animal, ainda se trata do maior pterossauro já encontrado no hemisfério sul do
planeta. “Ele é o maior exemplar que sabemos ter habitado Gondwana — o
supercontinente que juntava Antártida, América do Sul, África, Oceania e Índia
há milhões de anos”, diz Alexander.
Segundo os pesquisadores, a pesquisa é importante por
mostrar que os pterossauros gigantes já existiam há cerca de 110 milhões de
anos. “Até agora, só se conheciam evidências do final do Período Cretáceo, há
cerca de 70 milhões de anos. Esse fóssil mostra que eles são muito mais
antigos”, afirma o paleontólogo.
Bacia do Cariri – Os ossos descritos pelos pesquisadores
foram descobertos há cerca de 30 anos por habitantes da Bacia da Araripe, uma
região no Cariri extremamente rica em fósseis pré-históricos. A grande
quantidade de restos de pterossauros encontrados ali coloca a região entre as
mais importantes do mundo para a pesquisa desse tipo de animal. “O esqueleto
foi entregue ao Museu Nacional por habitantes da região há cerca de 10 anos, o
que fez com que perdêssemos informações importantes sobre as rochas onde ele
foi encontrado. Isso mostra a importância de que realizemos escavações
contínuas na região”, diz Alexander.
Fonte: veja.abril.com.br
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